terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Zine Não Sou NENHUM Verissimo - edição especial janeiro


Editorial

O tempo passou rápido para as palavras, demorado para os momentos em que o mundo ficou vazio. A idéia nasceu em alguma manhã sonolenta do meio da semana, isso faz aproximadamente quatro anos. O zine Não Sou NENHUM Verissimo surgiu primeiramente para ser enviado para alguns amigos. Depois os amigos, repassaram para os seus amigos, e logo depois, os amigos dos amigos já recebiam. O envio sempre foi sempre via e-mail, mas a partir de hoje, começa uma nova fase, com direito a ser exibido também no formato blog. (os leitores antigos continuam a receber sua versão via e-mail).
Aqui não existe uma preocupação com a métrica, poética, conto ou crônica, o Zine Não Sou NENHUM Verissimo trata a palavra de forma abusiva, permitindo a ela não encontrar resistência. As palavras, frases e as combinações somatórias das letras aqui são gigolôs de si mesmas.
Os escritos abaixo são uma coletânea de alguns conteúdos vinculados no Zine ao longo da sua existência.
As edições próximas serão mensais e inéditas.

Boa leitura a todos.


Scuissiatto.




o começo

Onde começo
não sei
onde termino
vai além.





sem muita importância

Não importa onde começo
e sim onde vou terminar
então porque insiste
em perguntar o porque de tudo
se o mais importante é terminar
mas você não aceita
e diz que o meu terminar
é muito superficial
mas ele é somente meu
e você não deveria se preocupar
pois sou assim
serei assim
e nunca
escuta
nunca vou mudar



sentinela dos romances enclausurados

És cego, não vês?
a dor escancarada
de tão forte que és
massacra os ossos em
pesos de meio quilo de chances
de acertar
o passo
és cego
ou prefere esconder-se
na ausência dos sentidos
da escolha
não vês
ou usa cortinas
para cobrir os olhos
e assim viver sem razão
para sentir
a dor de quem tem os ossos torturados por alguém
que roubou um coração.



Frase I

Ontem seria hoje. Hoje seria ontem. A vida seria agora, não outro dia ontem".


anotações rasuradas de um livro

Envelhece a estação ,
a faíxa na rua
até o velhos ladrões
envelhece o pensamento
a reza e promessa
envelhece o livro
a água, os cachorros
envelhece a roupa
brechó, Armani
envelhe a idade
corpo, saudade
envelhece sotaque
maldade e realidade
envelhece figurinha repetida
copa do mundo e capa de revista
envelhece o novo
sem saber viver
envelhece as velhas músicas
atuais em nosso ouvidos
envelhece mais antes
o que não aproveita o momento
envelhece as árvores
muito mais para quem nunca a escalou
envelhece os beijos
o batom e toda ausência
de quem nunca amou
envelhece as horas
verdade e saudade
envelhece
eu , você
e toda a realidade
envelhece o momento
envelhecemos juntos
com certa saudade de amanhã



mais que números

Somos números
alguns números
apenas números,
definem nossa vida

definem nossa vida
seremos números
até quando não quisermos
desde o tempo do útero
de nossas mães
somos um número
na lista de chamada, gritada pela professora chata

Somos um número
na fila dos bancos da vida, mais um número impaciente no meio de tanta gente
no trabalho

na vida
nas calçadas tumultuadas da cidade
no desprezo dos momentosa
somos número
até as cartas de amor recebidas ou flores ofertadas são números
tudo é número
contamos, contamos e contamos
recebemos em números
números de nossos telefones
números de casas
números e números
até na identidade somos números
antes de perguntar o nome, logo arriscam:

__ Seu rg. Por favor.

até quando não queremos somos números
em lápides, regras , candidatos políticos
em versos, rimas, páginas
pontos, cidades, carnaval
somos um número honesto
ímpar impaciente
par feliz contente.




lampejos sinfônicos

Grita bem alto
não,
não assusta os anjos
Brinca,
apenas brinca com sua voz
Escuta,
não os ecos de uma resposta
Confessa,
amor, apenas amor, emoção,
quem muito sabe, sim
Grita,
agora alto
desenha manhãs em que o sol
esquenta o jornal

lampejos sinfônicos
para ler o anúncio
que traz você para perto de mim.




pãopoema

aquele pacote de pão
tem poesia sem refrão
versos soltos de verão
portas enciumadas com a situação.

aquele pacote de pão
exibiu-se para a solidão
apaixonou-se pela caixa de papelão.

dormiu na areia
acordou na televisão
injustiçado
tenta contato
sorri calado
pensa em ser trocado
pelo leite
integral ou desnatado
quente ou congelado.

o pacote de pão
continua tentando anonimato
enquanto aguarda o retrato
com preço por unidade
podendo ser kg destratado.

pacote de pão é um eterno desastrado.




espelho do seu próprio mundo

Ao tempo de tudo que nasceu fora
da área exaustiva da dimensão do teu olhar,
ficou sem sentido a comparação de querer andar
acompanhado do mundo todo.
Agora enquanto o último todo
escuta as direções sagazes da realidade
ainda tem gente procurando
cobrar intitulaçoes passadas
perdidas entre as cenas nada românticas
daqueles filmes, sem um final feliz
nada parece ser um chiclete cuspido
no asfalto quente de vaidades
regido pela orquestra dos contentes
perdidos na platéia mais vistosa
de uma certa sociedade
mais preocupada com a convicção dos olhares
que com o sorteio da guerra de travesseiros
na última chance de quem sabe creditar
a coerência certa
do mapa do acaso
em não achar a rua sem saída
e ainda tentar voltar a memória
para aceitar o mundo
que não é coca cola sem gás
e nem o cadeado sem a chave
da ponte quebrada
no caminho do galã da história
sem comédia dual da realidade
afetiva dos bem aventurados
perdidos no lado oposto de tudo o que julgam imoral
para agradecer a tudo normal.




versão datilografada

Cascadura é uma banda do cenário independente baiano. Suas letras e o ritmo prazeroso de suas músicas, a tornam uma das grandes bandas brasileiras. Mais em: www.myspace.com/cascadurarock

Outra vez pelo mundo
Reluzente de orgulho
Lá vai ele e o seu terno amor

Bem no 12 de outubro
Ela é quem diz tudo
Lá vai ele e o seu terno Amor

É bem mais do que pediu:
Um dia de sol, milhões de mundos no olhar
Eu queria estar assim
Mas, que ilusão
Será preciso encontrar
A mim, só resta esperar

Já não há outro assunto
Traz uma foto junto
Lá vai ele e o seu terno Amor



Edição


Compilado na madrugada de 23 de janeiro de 2008, sob o silêncio dos latidos dos cachorros e do frio aguçado.


Scuissiatto. Bruno.



segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

teste